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A iniciativa surgiu com o objetivo de facilitar o encontro entre o público, que anseia por conhecer e consumir mais literatura de diversidade, e os livros (muitas vezes desconhecidos e "escondidos" no anonimato e em meio a tantas outras obras disponíveis no mercado).

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Texto por Fabrício Fonseca para o Cadê LGBT



O ano era 2013 e pela primeira vez na minha vida eu ouvia falar em Fanfiction, ou seja, uma história de fã. 

Foi lá na época em que eu criei uma conta no Nyah! Fanfiction para publicar minha primeira história longa, e de repente me deparei com dezenas de histórias que se passavam no universo de Harry Potter, Percy Jackson, Crepúsculo e muitos outros — às vezes até mesmo crossovers entre eles.
Se histórias extras que se passavam em universos que já conhecíamos não fossem boas o suficientes, a gente já se deparava em grande escala com uma questão que só um tempinho depois ganharia um nome: Representatividade LGBT+!

Enquanto os livros que eram lançados em formato físico ainda mantinham o modelo de histórias sobre personagens brancos, cis e héteros, foram as fanfics que chegaram com toda a representatividade possível. 

Antes mesmo de Rick Riordan sequer começar a escrever Heróis do Olimpo, já haviam fanfics do Nico Di Angelo se apaixonando por Percy Jackson, ou sobre Hermione ser uma garota trans, e até mesmo o Jacob engravidando do Edward.

Foi exatamente assim que as fanfics começaram a serem chamadas de terras sem lei: tudo era possível. Mais do que em histórias originais, os autores de fanfics podiam sonhar longe e colocar tudo aquilo que queriam. Quando eu me deparei com o termo menpreg eu fiquei um pouco confuso, mas tempos depois entendi que homens trans podem sim engravidar. Foi conhecendo fanfics que a maioria dos leitores da internet teve acesso a personagens gays, lésbicas, bissexuais, trans, relações poliamoristas e muitas outras representatividades.

As fanfics fizeram um grande trabalho de inserção da representatividade LGBT+, mesmo que falassem sobre personagens que originalmente eram héteros e cis, elas abriam o espaço para dizer que aquelas pessoas realmente existem. Pouco tempo depois do “bum” das fanfics na internet, começamos a exigir por personagens representativos em histórias originais, e hoje em dia exigimos esses personagens em livros físicos.

Existe uma enorme gama de leitores que simplesmente se negam a considerar a qualidade das fanfics, mas enquanto a academia não considera nem mesmo os livros atuais como literatura, nós abrimos a boca para dizer que essas histórias são de grande valia, e que assim como a outros fatores, claro, somos gratos a todas essas escritoras e escritores que criaram personagens diversos e incentivaram muitos outros a criarem também.

Muito obrigado fanfiqueires!

*Este é um texto de opinião que reflete apenas o ponto de vista do autor.


Alek Salles é escritor e estudante de psicologia. É uma pessoa trans não binária e usa pronomes neutros e masculinos. Também é pansexual.

Publicou seu primeiro conto, "Torta de Maçã", em 2019 na antologia O Papai Noel ainda não vem aqui, da editora Resistência. Atualmente está trabalhando em outras histórias, todas com protagonismo LGBTQIA+, em especial trans.

CADÊ LGBT: Por que você resolveu começar a escrever?

Sempre amei escrever. Sou muito criativo e desde criança gosto de criar histórias. Pensei em seguir muitas profissões, mas o sonho de publicar livros nunca me deixou. Acho que ser escritor é parte de mim.

Hoje em dia vejo que é mais do que criatividade, é uma oportunidade de ter voz e impactar as pessoas. Toda forma de arte é uma ferramenta de expressão e resistência das minorias. A minha é a escrita.

CADÊ LGBT: Como você vê a importância da literatura para a comunidade LGBTQIA+?

A importância está principalmente na representatividade. A literatura nos ajuda a se ver em algum lugar e mostrar para o mundo que nós existimos e está tudo bem.


Em todas as mídias, não só na literatura, precisamos parar de retratar indivíduos trans como pessoas “no corpo errado”. Não é assim, nosso corpo está certo, a visão da sociedade que não."

CADÊ LGBT: Como você enxerga a literatura LGBTQIA+ hoje no Brasil?

Escassa. Ainda há muito espaço para histórias LGBTQIA+, principalmente boas histórias, cujas personagens não sejam estereotipadas. Contudo, estamos progredindo bastante. Tenho conhecido muitos escritores novos desse nicho e que fazem um trabalho incrível.

CADÊ LGBT: Do que você ainda sente falta na literatura, principalmente em relação a personagens trans?

Sinto falta de mais diversidade e menos estereótipo. Mostrar que, por exemplo, não é porque a personagem é trans que toda a história dela gira em torno de buscar cirurgias e, principalmente, de parecer cis.

Em todas as mídias, não só na literatura, precisamos parar de retratar indivíduos trans como pessoas “no corpo errado”. Não é assim, nosso corpo está certo, a visão da sociedade que não. E acima de tudo, somos pessoas e temos muitos outros interesses além de tentar parecer com as pessoas cisgêneras.

CADÊ LGBT: Na sua visão, qual a importância de escrever histórias focadas em pessoas LGBTQIA+?

Quebrar a barreira da invisibilidade. Enquanto as histórias só mostrarem pessoas cis, hétero e allosexuais, nós LGBTQIA+ seremos marginalizados. O preconceito começa na invisibilidade, em não nos enxergarem como parte da sociedade.

E nós estamos aqui, sempre estivemos e sempre vamos estar. Só não pode mais ser algo escondido, porque o que as pessoas não veem, elas temem. E isso ajuda muito a perpetuar o preconceito.

A diversidade precisa ser retratada para ser normalizada. E nós, como autores, podemos ajudar nisso. Podemos e devemos usar nossa voz para levar reflexão para outras pessoas e mostrar que nós existimos.

CADÊ LGBT: Defina os personagens trans que você já leu em uma palavra?

Preciso dividir em dois grupos: alguns eram estereotipados e outros inspiradores. Digo isso porque já li histórias que personagens trans apareciam só como aquela pessoa que odeia o próprio corpo e quer modificá-lo ao máximo e também li outras que eu consegui me identificar com o personagem e gostei muito, em particular as que quem escreveu também é uma pessoa trans.

CADÊ LGBT: E os que você escreveu, qual seria a palavra deles?

Plurais, cada um tem suas características e ser trans é apenas uma delas.

CADÊ LGBT: Bom, para finalizar, deixa para nós algumas dicas de histórias com personagens trans (e de autores trans também). As suas favoritas!

Eu amo “Camomila” do Ariel F. Hitz. É uma leitura muito gostosa. Ele tem outras ótimas histórias com representatividade trans. “Ela, videogames e muito sobre nós”, do Koda Gabriel é fofo e também tem bastante representatividade. Os dois são autores trans e brasileiros que vale a pena acompanhar.


Daniele escreve sobre ciência e tecnologia no CanalTech e imaginava histórias desde criança, até resolver transformá-las em textos. A escrita para ela sempre foi uma ferramenta contra a solidão. É autora da coletânea de contos Sombras Noturnas.

Leia a entrevista completa que fizemos com ela:

CADÊ LGBT: Por que você resolveu começar a escrever?

Penso que foi uma série de fatores. Em primeiro lugar, a solidão da minha infância me fez sonhadora. Eu criava histórias na minha cabeça, mais ou menos como no filme “A Vida Secreta de Walter Mitty”. Eu imaginava histórias onde as crianças da minha idade eram meus amigos e vivíamos aventura. Então decidi transformar algumas dessas aventuras em livros e achei que minha escrita não era ruim. Escrever era um passatempo prazeroso e eu me sentia um pouco menos solitária. E também tinha desenhos como Duck Tales e filmes como Cinema Paradiso para instigar ainda mais minha imaginação - o primeiro alimentava minhas fantasias de aventuras e o segundo me ensinava sobre drama. Eu estava na quinta série e tinha cadernos só para escrever essas coisas. 

Outro fator foi meu pai. Ele escrevia livrinhos de cordel, embora nunca deixasse ninguém ler (eu lia escondida). Ele era bom com sextilhas e meu livro favorito dele era uma história sobrenatural e cômica que se passava no nordeste, que foi onde ele nasceu. Talvez a escrita também fosse um modo de me aproximar dele, pois meu pai sempre foi muito distante. Mas era a solidão que sempre me levava a escrever mais e mais.

CADÊ LGBT: Como você vê a importância da literatura para a comunidade LGBTQIA+?

Costumamos dizer que representatividade é importante, mas acredito que nós mesmos temos o poder de fazer isso da maneira mais adequada. É importante que as pessoas LGBTQIA+ sejam vistas como parte dessa sociedade, como seres humanos comuns como outros quaisquer, e acredito que as histórias são uma das ferramentas mais poderosas para isso. Quero dizer, histórias foram usadas por séculos para ensinar e estabelecer uma norma, um padrão, uma visão de mundo, porque elas têm o poder de moldar o senso comum e a nossa noção de realidade. Por isso, vejo a literatura - e arte no geral - feita por pessoas LGBTQIA+ é uma das ferramentas mais eficientes para transformar a mentalidade das pessoas sobre nós - tanto através de nossos personagens LGBTQIA+ quanto através do fato de que esses autores estão saindo das margens da sociedade para se apresentar como artistas.

Por outro lado, a literatura para nós também é uma forma de adquirirmos poder. É um clichê, mas livro nos fornece, de fato, uma forma de poder até difícil de mensurar. Nos ajuda a lutar, a sobreviver. 

Por fim, é muito gratificante ler histórias com as quais nos identificamos - nos sentimos menos sozinhos. Se eu tivesse livros de autoras trans na minha infância, quando comecei a escrever, talvez tivesse sido uma criança mais feliz. Talvez tivesse me entendido trans muito mais cedo.

CADÊ LGBT: Como você enxerga a literatura LGBTQIA+ hoje no Brasil?

Tenho acompanhado pouco ultimamente, mas nos últimos anos estamos crescendo em destaque e em número de autores escrevendo personagens LGBTQIA+. Mas ainda tem muita gente boa tendo que se contentar com plataformas como Wattpad e a auto-publicação. Isso não é necessariamente ruim, as pessoas estão LENDO essas publicações, o que é ótimo. Mas contar com editoras e profissionais do livro ajuda na profissionalização, reconhecimento e distribuição desses autores. Acredito que estamos em uma época bacana, com algumas editoras investindo e obtendo resultados. Estou otimista que vamos melhorar nesse aspecto em alguns anos.


Se eu tivesse livros de autoras trans na minha infância, quando comecei a escrever, talvez tivesse sido uma criança mais feliz. Talvez tivesse me entendido trans muito mais cedo."

CADÊ LGBT: Do que você ainda sente falta na literatura, principalmente em relação a personagens trans?

Mais histórias de fantasia, terror e ficção científica com protagonistas trans. Também gostaria de ver mais mulheres trans lésbicas, homens trans gays, pessoas trans em relações poliamorosas. Vilões trans também é algo que eu adoraria ler. Não precisam ter medo de fazer isso. Eu mesma farei, se ninguém fizer.

CADÊ LGBT: Na sua visão, qual a importância de escrever histórias focadas em pessoas LGBTQIA+?

Acho que acabei respondendo um pouco disso na pergunta 2, então vou direcionar essa para autores não-LGBTQIA+. Escrevam personagens gays, lésbicas, bi, trans, aces, aros e intersexo! Todo mundo tem amigos que fazem parte da nossa comunidade, uma história sem nenhuma dessas identidades soa inverossímil. Sério. 

Além disso, você, que não é LGBTQIA+, tem o privilégio de alcançar pessoas preconceituosas que jamais leriam um livro de autores LGBTQIA+ - mas leriam o seu. Use seu privilégio para dizer ao mundo que existimos, estamos aqui, em toda a parte, e não jogados em um esgoto qualquer com medo de existir. Fazemos parte da sociedade, por que não faríamos parte das suas histórias?

CADÊ LGBT: Defina os personagens trans que você já leu em uma palavra?

Beijáveis

CADÊ LGBT:  E os que você escreveu, qual seria a palavra deles?

Corajosos

CADÊ LGBT: Bom, para finalizar, deixa para nós algumas dicas de histórias com personagens trans (e de autores trans também). As suas favoritas!

Confesso que li poucos até agora - um problema com depressão me afastou da leitura por vários anos, então perdoem a falta de indicações. Só agora começo a voltar à leitura. Mas posso citar “Ela, videogames e muito sobre nós”, do Koda Gabriel, “Asas Noturnas”, da Yueh Fernandes, “Codinome Electra”, da Lady Sybylla.


Brenda Bernsau mora no interior do Rio de Janeiro, onde estuda pedagogia, trabalha e escreve. Seu romance de estreia foi a obra de fantasia “Sophia, Alexia e o mundo além daqui”. Nos anos seguintes, publicou um livro de contos LGBT “Meninas a respeito do amor”, e outro mais para o thriller psicológico chamado “No cosmo, assim como no coração”. Também participou das antologias “Encontros & Reencontros”, “Antologia Resistência” e “Cor Não Tem Gênero”.

Leia a entrevista completa com a autora:

CADÊ LGBT: Por que você resolveu começar a escrever?

Desde muito cedo eu tinha essas histórias, coisas que eu sentia que precisava contar, expressar. É difícil explicar o porquê de ter começado, mas sempre senti algo como uma necessidade mesmo. Quando criança, ganhei uma máquina de escrever e desde então venho inventando personagens e tramas. Um pouco depois, experimentei trabalhar com quadrinhos, porque sempre gostei de desenhar também, mas fui percebendo que minhas limitações com os traços acabavam amarrando as histórias, o que me levou a uma dedicação exclusiva à escrita.

CADÊ LGBT: Como você vê a importância da literatura para a comunidade LGBTQIA+?

A literatura sempre vai nos permitir expressar duas coisas que são fundamentais para a comunidade LGBTQIA: representatividade e crítica social — ou seja, resistência. A literatura nos ajuda a existir e resistir, trazendo personagens LGBTs para a vida, e também nos convidando a refletir, a questionar o modelo atual, a pensar os nossos posicionamentos e a promover nossa união. Ela abre as nossas possibilidades e nos faz ver que podemos estar em qualquer lugar, em qualquer espaço, agindo, fazendo uso da nossa voz.

CADÊ LGBT: Como você enxerga a literatura LGBTQIA+ hoje no Brasil?

Vivemos um momento de transição, eu acredito. Estamos longe do ideal, mas também já avançamos. As pessoas estão acordando e as coisas estão começando a acontecer: autores estão começando a levantar a bandeira em suas obras, leitores estão começando a refletir, a entender, a absorver, a levar adiante. Esse é um período complicado, e por isso muito é exigido da gente, não tem jeito. Mas é um período importantíssimo, porque vai ser decisivo para as gerações futuras, suas expressões artísticas e o quanto disso vai se integrar à sociedade. 


Gostaria de ver mais personagens LGBTQIA nas fantasias em geral, na ficção científica, com outras preocupações, outros conflitos que não envolvam (apenas) o seu gênero ou sexualidade."

CADÊ LGBT: Do que você ainda sente falta na literatura, principalmente em relação a personagens trans?

Talvez de termos uma visão mais ampla da existência trans, de não limitarmos a pessoa trans ao fato dela ser trans. Não que as histórias que façam isso estejam erradas, pelo contrário, eu mesma gosto de escrever coisas assim, mas é importante que o público ganhe novas perspectivas e que personagens trans ganhem novas camadas e interesses. A descoberta, os desafios, os preconceitos, as relações familiares, todos esses assuntos são fundamentais, mas não resumem uma existência. Gostaria de ver mais personagens LGBTQIA nas fantasias em geral, na ficção científica, com outras preocupações, outros conflitos que não envolvam (apenas) o seu gênero ou sexualidade. Isso ajuda a dar um elemento de integração mais orgânico.

CADÊ LGBT: Na sua visão, qual a importância de escrever histórias focadas em pessoas LGBTQIA+?

A importância está na representatividade. Precisamos estar juntos, estar em acordo na nossa luta, precisamos saber que não estamos sozinhos, que o preconceito do mundo é culpa do mundo e não nossa, e que, portanto, precisamos fazer a diferença, ou pelo menos refletir sobre ela. Mas também é importante que o assunto não se limite a alcançar pessoas LGBTQIA, afinal, estamos buscando uma sociedade melhor, mais inclusiva, e isso pede diálogo, pede uma compreensão de todas as partes. De qualquer forma, pessoas da comunidade se tornam mais fortes, mais preparadas e acolhidas através disso... durante a minha adolescência ninguém falava sobre a causa trans, eu não tinha acesso a nenhuma história que apresentasse personagens trans, e sei que muito do meu processo poderia ter sido facilitado caso tivesse.

CADÊ LGBT: Defina os personagens trans que você já leu em uma palavra?

Amores.

CADÊ LGBT:  E os que você escreveu, qual seria a palavra deles?

Corajosos.

CADÊ LGBT: Bom, para finalizar, deixa para nós algumas dicas de histórias com personagens trans (e de autores trans também). As suas favoritas!

Para quem gosta desse gênero mais biográfico, escrevivência, tem “E Se Eu Fosse Puta” da Amara Moira, que é recomendadíssimo. “Dois Garotos se Beijando” e “Apenas uma Garota” também são ótimos. De nacional, tem “Poder Extra G” e principalmente “Singular” da Thati Machado, e “Encontre Joana” (que já devem conhecer). Com menor participação talvez, mas ainda bem interessante, tem o personagem Oshima em “Kafka à Beira Mar”, e universos como de “Quinta Estação”. Uma autora que todos deveriam ler é a Charlie Jane Anders de “Todos os Pássaros no Céu”.


Koda tem 22 anos, é trans não-binário negro e brinca de escrever desde que se lembra. Adora livros policiais, jogos emocionantes e sua gata tricolor. Programa para viver, mas também por amor. Escreve por amor, mas também para viver.

Veja a entrevista que fizemos com ele:

CADÊ  LGBT: Por que você resolveu começar a escrever?

Eu comecei escrevendo poemas, eu tinha uns 10 anos. Aprendi na escola o que eram os poemas, e gostei muito. Ai migrei para mini contos, depois para crônicas, voltei para contos... Hoje escrevo o que dá vontade. Escrever pra mim sempre foi um ato de libertar o que está preso na minha cabeça. Muita gente brinca que meus personagens são todos um pouco de mim, e não duvido que seja verdade. Por muito tempo, foi minha única forma de externar o que sentia. Me ajudou a me compreender enquanto pessoa.

CADÊ  LGBT: Como você vê a importância da literatura para a comunidade LGBTQIA+?

Eu vejo como de extrema importância que existam personagens e literatura voltada para a comunidade, que normalizem nossa existência enquanto pessoas dignas de grandes histórias, sejam elas de amor, sobre existência ou fantásticas. Quanto mais literatura voltada para a comunidade, mais se percebe a ideia de que somos pessoas antes de mais nada, e que nossas histórias também são importantes de serem contadas.

CADÊ  LGBT: Como você enxerga a literatura LGBTQIA+ hoje no Brasil?

Sinto que estamos engatinhando, ainda. A maioria dos autores são independentes, ou começaram assim e estão conquistando mais espaço hoje. Há pouco, quiçá nenhum, investimento por parte das editoras, deixando autores LGBTQIA+ desmotivados e sem esperanças. Apesar disso, vejo resistência da nossa parte. A cada conto publicado, a cada livro publicado, seja de forma física independente, em sites, da forma que for. É uma forma de nos colocarmos no mundo, mesmo que agora não deem tanta atenção para nossas histórias e falas. Quanto mais falarmos, mais barulho fizermos, mais irão nos ouvir. É um processo lento, mas acredito que estamos no caminho certo.


Quanto mais literatura voltada para a comunidade, mais se percebe a ideia de que somos pessoas antes de mais nada".

CADÊ  LGBT: Do que você ainda sente falta na literatura, principalmente em relação a personagens trans?

Eu vejo uma falta de personagens trans inseridos de forma despretensiosa em histórias, com suas vivências normalizadas. E também sinto que quando essa representatividade existe nem sempre ela é feita da perspectiva da realidade de pessoas trans, mas de uma visão cisnormativa do que somos. Desejo mais representatividade, mas também que seja feita em alinhado com o que são pessoas trans, quais são nossas vivências e pautas, e não somente uma visão cis.

CADÊ  LGBT: Na sua visão, qual a importância de escrever histórias focadas em pessoas LGBTQIA+?

É muito importante, em especial como forma de resistência às constantes e inúmeras histórias hétero-cis que temos todos os dias lançadas. Ao centrar uma história em pessoas LGBTQIA+, voltamos o olhar para essa comunidade, damos foco a essas pessoas. Além disso, torna possível que mais pessoas se identifiquem com essas histórias, se descubram enquanto pessoas válidas. Vejam que sexualidades além da hétero e a existência fora da cisnormatividade é algo possível.

CADÊ  LGBT: Defina os personagens trans que você já leu em uma palavra?

Pessoas. Acho que é engraçado falar isso, mas a parte mais legal é que todas as histórias que eu li são bem naturais na transgeneridade, então eu sinto que eles são apenas pessoas cuja histórias estou lendo.

CADÊ  LGBT: E os que você escreveu, qual seria a palavra deles?

Renascimento é a palavra. Talvez um clichê para pessoas trans, mas sinto que uma boa parte do que elas são é demarcado pela ideia de renascer ao se descobrir, sair do armário, viver quem realmente são.

CADÊ  LGBT: Bom, para finalizar, deixa para nós algumas dicas de histórias com personagens trans (e de autores trans também). As suas favoritas!

Eu indico todas as histórias do Ariel F H, são muito ricas em representatividade e eu adoro isso nelas. Também indico As Razões de Cris, da Maria Freitas.


29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans e uma pergunta não quer calar: quantos livros de autores trans você já leu na vida?

A representatividade é uma tendência na literatura, mas algumas minorias ainda sofrem de invisibilidade e silenciamento. Até existem livros, no entanto a maioria deles é escrita por pessoas cisgênero, quase sempre focados em narrativas de descoberta e personagens estereotipados.

Então, tentando mudar essa realidade, trazemos indicações de 5 livros escritos por autores trans.


Camomila - Ariel F. Hitz


Isak ainda não era conhecido como Isak quando conheceu Martino. E nunca imaginou que fosse se apaixonar tanto pelo garoto, mas se apaixonou.

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Ela, videogames e muito sobre nós - Koda Gabriel


Ariel é uma pessoa não-binária que acabou de sair do armário para todos do seu colégio. Ele conhece Cristina, uma menina trans super divertida, e, com ela, aprende mais sobre si mesmo e sobre o amor.

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Sombras noturnas - Daniele Cavalcante


Reunião de contos de fantasia urbana e fantasia sombria sobre os pesadelos, a magia e o fantástico, escondidos nas sombras noturnas.

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George - Alex Gino


George sabe que é uma menina, mesmo que digam o contrário. E, quando a escola prepara uma peça infantil, a garota vai lutar para interpretar o papel de Charlotte, a aranha.

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Sophia, Alexia e o mundo além daqui - Brenda Bernsau


Duas irmãs se transportam para um mundo fantástico e diferente, através de uma caixinha de música.

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Ariel F. Hitz começou a escrever e a postar histórias na internet aos doze anos. Em 2018, publicou seu primeiro livro de forma independente na Amazon, "A gravidade de Júpiter", além de outros contos. O autor sempre busca criar histórias que representem as mais diversas pessoas, com foco em visibilidade LGBTQ+. Em especial, por ser um homem trans e pansexual, essas duas comunidades.

E o Cadê LGBT conversou um pouquinho com ele sobre livros, personagens trans e muito mais!

CADÊ LGBT: Por que você resolveu começar a escrever?

Eu tinha doze anos e estava em uma época da minha vida em que me sentia deslocado de tudo. Quase não tinha amigos, meus relacionamentos com as pessoas eram superficiais e eu queria fazer algo que me distraísse de tudo. Desde antes disso, eu criava histórias na minha cabeça, mas nunca tinha realmente escrito uma. Acho que, aos doze anos, eu não pensava em mim como uma pessoa que pudesse escrever livros.

Comecei escrevendo fanfic de Harry Potter quando eu nem sabia o que era fanfic. Mas eu não levava a coisa toda muito a sério. Depois disso, conheci o Nyah! Fanfiction. Então, eu passava o dia lendo fanfics de Percy Jackson focadas no meu personagem favorito, o Nico. Foi bem na época em que o autor da saga revelou que o Nico é gay. Pro Ariel de doze anos isso foi um choque. Só a palavra “gay” pra mim já soava como coisa de outro mundo.

Acabou que eu lia muita fanfic com representatividade por culpa do Nico. E, mesmo não sendo gay e muito menos cis, sempre me vi muito nele. Quando descobri que o Nico é gay, isso abriu portas pra mim. Comecei a me questionar. Então, decidi começar a escrever sobre ele também. E foi aí que eu passei a levar a escrita a sério, mesmo sendo com fanfic.

Pra ser bem sincero, escrevo fanfic sobre o Nico até hoje, aos dezenove anos. Com o diferencial é que atualmente eu costumo representar ele como trans também.

Eu diria que o que me fez começar a escrever foi a necessidade de me sentir representado e livre de mim mesmo.

CADÊ LGBT: Como você vê a importância da literatura para a comunidade LGBTQIA+?

Acho que é muito questão de representatividade e de acabar com ideias erradas que as pessoas têm sobre a comunidade.

A literatura tem a função social de também contar um pouco da história do que está acontecendo no momento, de como a sociedade enxerga as coisas. Se você pegar, por exemplo “O bom crioulo”, vai perceber que é um livro absurdamente homofóbico (além de racista). Tem uma parte de um livro do Caio Fernando Abreu em que é meio transfóbico. Mas, na época em que esses livros foram escritos, eles eram até que bem revolucionárias, ninguém veria problema neles. Mas hoje a gente enxerga a problemática neles, e é bom falar sobre. É bom deixar claro que as coisas não são mais como costumavam ser, que hoje a gente é muito mais ciente da nossa posição na sociedade e dos nossos direitos.


Acho que poucas pessoas entenderam que a comunidade trans não quer mais livros sobre pessoas trans odiando seus corpos"

CADÊ LGBT: Como você enxerga a literatura LGBTQIA+ hoje no Brasil?

Falta a gente abraçar nossos escritores LGBT+s e dar visibilidade para eles. A maior parte dos livros LGBT+s que fazem sucesso aqui no Brasil foram escritos por escritores internacionais. A gente tem escritores LGBT+s maravilhosos aqui, só não sabe dar oportunidades para eles.

Eu sinto que as pessoas querem ler livros LGBT+s, mas ficam esperando um grande sucesso para seguir a onda. Acho isso erradíssimo, a gente precisa ir atrás dos escritores menos conhecidos, dos marginalizados, que são os que mais representam bem a comunidade.

CADÊ LGBT: Do que você ainda sente falta na literatura, principalmente em relação a personagens trans?

Eu sinto muita falta de histórias onde o foco da vida dos personagens trans não é sobre ser trans.

Acho que, quando as pessoas querem escrever um personagem trans, no geral, acabam querendo falar só sobre o processo de descoberta, sobre transfobia e sobre disforia corporal. Isso cansa muito. Sem falar que, geralmente, acaba virando só um monte de estereótipos.

Eu quero ler mais sobre pessoas trans que tem problemas que vão além do ser trans, histórias de fantasia com personagens trans, essas coisas.

CADÊ LGBT: Na sua visão, qual a importância de escrever histórias focadas em pessoas LGBTQIA+?

Como uma pessoa que cresceu com quase nada de representatividade LGBT+, acho que esse é um ponto importante. Meu processo de descoberta como homem trans teria sido muito mais fácil se existissem personagens como eu na literatura, onde eu pudesse me enxergar e não me sentir como um alienígena.

Além de que, na escrita, nós, como uma minoria, podemos ensinar muita coisa para quem não tem a nossa vivência. Isso ajuda as pessoas de fora a entenderem a importância da nossa luta.

CADÊ LGBT: Defina os personagens trans que você já leu em uma palavra?

Estereotipados.

É sempre “odeio meu corpo”, “nasci no corpo errado”. É sempre sobre disforia de gênero, nunca sobre euforia. É cansativo começar a ler uma história e dar de cara com o mesmo blá blá blá de estereótipo trans. São raras as exceções disso.

Acho que poucas pessoas entenderam que a comunidade trans não quer mais livros sobre pessoas trans odiando seus corpos. A gente quer ler sobre meninos trans caçando demônios, mulheres trans detetives, não-binários viajando no tempo, coisas assim. Já passou do tempo de escrever personagens trans e resumir eles à sua identidade de gênero.

CADÊ LGBT: E os que você escreveu, qual seria a palavra deles?

Liberdade.

Pra mim, escrever sobre transgeneridade é me sentir livre. E eu quero que meus personagens sejam livres também. Eu sempre tento fugir dos estereótipos, de dizer que eles odeiam seus corpos. Acho que raramente falo disso nas minhas histórias.

CADÊ LGBT: Bom, para finalizar, deixa para nós algumas dicas de histórias com personagens trans (e de autores trans também). As suas favoritas.

O primeiro nome que eu penso quando alguém fala sobre pessoas trans escritoras é Amara Moira. Ela tem um livro chamado “E se eu fosse puta?” em que conta a experiência de vida em ser travesti e prostituta. Eu aprendi muita coisa com esse livro, foi um dos mais importantes na minha vida.

C. Bourbon é um escritor trans fantástico demais, tem dois livros incríveis na Amazon.

Já sobre histórias com personagens trans, a minha favorita é a trilogia Magnus Chase e os deuses de Asgard. Uma das personagens mais importantes nos livros é gênero fluído. Mesmo sendo escrita por um homem cis, a Alex Fierro foi retratada com muito carinho. A representatividade é ótima, a vida da Alex é muito mais do que ser trans, mesmo sendo algo muito abordado no livro.

“Dois garotos se beijando”, do David Levithan tem um personagem trans no meio da história e eu adoro ele. Não é uma grande representatividade, mas é muito bom.

Eu também gosto muito de “George”, de Alex Gino, que é uma pessoa trans também. E “Fera”, do Eric Novello é ótimo. Acho que a história tem alguns problemas, mas mesmo assim é um livro incrível.

Texto escrito por @attanacarol a pedido do Cadê LGBT



De uns tempos para cá, temos nos deparado com um crescimento, ainda que pequeno, de narrativas com representatividade LGBT na literatura. A passos curtos, essas personagens, que são de tamanha importância para a identificação dos seus, estão conquistando seu espaço.

Menines, meninas, meninos e +, estão finalmente se vendo nas histórias, seja aquele clichê fofinho, aquele drama de arrebentar o coração ou aquela história tão parecida com a realidade, e isso é maravilhoso.

A sigla é bem maior que o conhecido LGBT, e dentro dela temos também a letra A, da pouco falada assexualidade. Mas, numa pesquisa rápida na Amazon, são poucos os livros encontrados com personagens assexuais. Acontece que eu já me deparei com a inserção da assexualidade em narrativas sem representatividade assexual, e de forma equivocada.

Geralmente acontece numa cena de diálogo, onde há um personagem, na maioria das vezes algum hétero que está há um tempo considerado longo demais sem interesse sexual, o que gera o seguinte comentário vindo de algum amigo: “pensei que você fosse assexuado.” Particularmente, acho bem desnecessário, sinto que seria melhor não ter colocado nada, ou, pelo menos usado a expressão correta, afinal, é assexual e não assexuado. Mas qual é a diferença? Assexuado é o termo utilizado na biologia para organismos que se auto-reproduzem; muito diferente de um ser humano que não sente (total ou parcial) atração sexual por outros seres humanos, o que vale ressaltar, não tem nada a ver com disfunção ou trauma.

Talvez o equívoco dos livros traduzidos venha justamente pela tradução literal do termo asexual, utilizado nos Estados Unidos, o mesmo utilizado para denominar a reprodução assexuada. Porém, no Brasil, o termo que vem se popularizando na comunidade é assexual, o que faz mais sentido, visto que, nas sexualidades, ninguém chama o heterossexual de heterossexuado, e por aí vai.

Por isso, queridas editoras (e Netflix), um pouquinho de cuidado seria bom demais.

Sobre a autora:

Ana ou Carol (você escolhe) é assexual e não assexuada. Nasceu em 1994, numa cidadezinha no norte de Minas Gerais, é formada em direito, mas o que sabe fazer direito mesmo é ler, foi numa conversa que lhe sugeriram postar sobre os livros que lia, nascendo assim o Instagram Atenciosamente, Ana Carol, onde ela compartilha seus gostos por leitura, séries, filmes e afins.



Texto por Fabrício Fonseca para o Cadê LGBT


Se você tem se mantido ativo no Twitter nos últimos meses e segue qualquer perfil que fala sobre literatura, eu tenho certeza que já viu alguém comentando sobre ou viu a capa de Vermelho, Branco e Sangue Azul, livro de estreia da americana Casey McQuiston.

No livro, Alex Claremont-Diaz é filho da Presidenta dos Estados Unidos e acaba se apaixonando por Henry de Gales, príncipe da Inglaterra. Em resumo, e também olhando a capa simples e objetiva, a história parece apenas mais um romancinho gay clichê, algo que com toda certeza é possível ver em alguma fanfic do One Direction no Wattpad. Mas as quase 400 páginas do livro apresentam muito mais do que se possa esperar.

Vermelho, Branco e Sangue Azul acabou se mostrando um livro sobre política, relacionamentos familiares e, claro, sobre o amor. Embora inicialmente eu esperasse apenas um romance água com açúcar, o que recebi foi uma verdadeira aula sobre como acontece a política dos Estados Unidos, e sobre como a monarquia é cruel, diferente do conto de fadas que costumamos imaginar.

No entanto, vamos ao foco desse texto: por que o sucesso desse livro é tão importante? A resposta é simples: porque se trata de um livro LGBT+.

É incrível ver um livro com um personagem principal bissexual se apaixonando por um cara gay sendo tão falado, tão desejado e tão comprado. O sucesso de VBeSA me fez lembrar de 2013 quando líamos os lançamentos do John Green e, logo em seguida, corríamos para o Facebook para conversar com alguém, porque se você não tinha lido um livro do Green, você desejava poder ler.

O sucesso de um livro LGBTQ+ com personagens que cobrem quase todas as letras da sigla (temos personagens bissexuais, gays, transsexuais e panssexuais) é algo para se comemorar, para mostrar que nossa literatura não só chegou para ficar, mas para ser sucesso, para ficar “na boca da galera”. Isso é ainda mais incrível quando você lê livro e percebe que ele realmente merece todo o sucesso, da construção de personagens, passando pelos locais onde a história se passa e chegando até a forma narrativa de McQuiston: esse foi um livro bem trabalhado e que alcança o seu objetivo.

Se só a causa LGBTQ+ não é o suficiente, Vermelho, Branco e Sangue Azul também fala sobre racismo, xenofobia e assédio sexual. Temos na capa, em destaque, o desenho de um garoto negro e a todo o momento da história fica claro que ele entende as situações de racismo muito bem, que não as desconsidera por ser um garoto rico vivendo na Casa Branca.





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Americanas

A narrativa de McQuiston conquista logo no início, ela tem um jeito poético de descrever as coisas, de falar sobre como um quarto está todo arrumado em tons de rosa ou sobre como dois garotos de mundos tão diferentes (e ao mesmo tempo tão iguais) começaram a se apaixonar gradativamente.

A autora também não tem medo de ser realista. As falas dos personagens deixam claro que eles são inseridos em um mundo real onde as pessoas falam palavrões de forma abusada e vivem as piores das injustiças — que nem sempre são resolvidas.

A fórmula do sucesso de Casey McQuiston me pareceu muito clara: ela abusou de um mundo totalmente real e inseriu a mais impossível das opções, e, assim, conseguiu ter seu nome comentado entre a maioria dos leitores na internet, falando sobre esse romance de dois garotos que decidem enfrentar os seus mundos e não desistem do amor.

O sucesso do livro de Casey é importante porque podemos ler um livro de sucesso em que somos representados e não precisamos ficar revirando a história em nossas cabeças sozinhos, sem alguém para conversar: quem não leu Vermelho, Branco e Sangue Azul, neste momento, está desejando lê-lo!

*Este é um texto de opinião que reflete apenas o ponto de vista do autor.



(Atenção: o texto a seguir contém spoiler sobre a trama da série literária)

Se você gosta de uma leitura carregada de drama, suspense e, principalmente, muito mistério, Pretty Little Liars com certeza é a série para você.

Embora muitas pessoas acreditem que a série de TV se perdeu em suas últimas temporadas e chegou a um caminho não muito crível, nos livros, Sara Shepard conseguiu carregar a história pelos 18 livros (16 regulares e 2 extras) de forma esplendorosa com poucos pontos baixos durante a sua trama.

Mas, apesar da trama sustentável e agradável, a autora conseguiu errar em um ponto que, se você faz parte da comunidade LGBTQIA+, ou simplesmente é um bom entendedor, pode acabar ficando um tanto quanto confusa: a bissexualidade da personagem Emily Fields.

No primeiro arco da série, Emily se envolve romanticamente com sua nova vizinha Maya St. Germain; inicialmente fica claro que Emily é lésbica porque, apesar de anteriormente ter estado em um relacionamento com um garoto, colega da equipe de natação, ela nunca gostou dele realmente e nem pensava que poderia se interessar por outros garotos. E, então, cada vez mais, Emily se envolve com Maya e quando sua sexualidade é exposta por A para todos os presentes em uma competição de natação, não há mais nenhuma questão de identificação a ser levada em conta.

E nós leitores não poderíamos estar mais errados. 

Depois que o romance com Maya não dá certo no primeiro arco da série, seguimos Emily logo no segundo e o seu envolvimento avassalador com Isaac Colbert. Desde o primeiro momento que Emily vê Isaac junto com o grupo musical na igreja em que sua mãe frequenta, percebemos que há um clima entre os dois.

Emily fica um pouco assustada com tudo o que acontece a seguir, o sentimento que rola entre os dois, porque obviamente ela está passando por uma descoberta totalmente inesperada. Mas, quando tem seus sentimentos pelo garoto afirmados a si mesma, Emily começa a contar para os outros. Emily e Isaac acabaram não ficando juntos por muito tempo, por causa de toda a loucura envolvendo A, mas logo a frente descobrimos que a história dos dois acabou resultando na gravidez da garota (ponto importante que tocaremos mais a frente).

Logo depois de o romance com Isaac terminar, Emily acaba voltando seus sentimentos para Courtney DiLaurentis (vulgo Alisson DiLaurentis disfarçada) e nunca mais Isaac é lembrando por ela. Até aqui entendemos bem: Emily não deu certo com Isaac, quer esquecê-lo e, de repente, há uma garota bonita afim dela. Emily não vê necessidade em se emaranhar mais pelo entendimento de sua sexualidade.

O problema é quando mais a frente, logo no último arco da série, é citado que Emily é Lésbica, quando o entendimento anterior é que ela era bissexual — talvez ela tenha o interesse maior por garotas, mas seu envolvimento com Isaac demonstra que ela é, sim, bissexual!

É então que podemos recapitular a trama do terceiro arco quando Emily deu a luz a um bebê fruto do seu relacionamento com Isaac Colbert, e como nada é fácil na vida das Pretty Little Liars, todo o drama envolvendo a recém-nascida carrega um livro completo da série. Ao unirmos essa parte da história com a parte do último arco em que dá certeza que Emily é lésbica, percebemos que a autora utilizou do romance com Isaac apenas para gerar outra trama seguinte — é quase como se ela tivesse utilizado a “passageira” bissexualidade de Emily apenas para seguir com a história.

Textos assim que tratam tão erroneamente qualquer sexualidade ou identidade acabam passando mensagens de cunho problemático; no caso de PLL acabou ficando no ar que quando estava com Isaac, Emily estava apenas confusa ou carente de tentar se relacionar com um garoto.

Esse erro é muito comum em outras obras, algumas até mesmo de pessoas LGBTQIA+, que acabam reforçando a invisibilidade Bissexual.

Para algumas pessoas o erro da representação sexual de Emily pode não ter peso nenhum para a história, mas pode pesar demais para uma pessoa que ainda esteja tentando se entender. É claro que é ótimo que a autora tenha se esforçado para colocar a representatividade na história, mas seria ainda melhor se a questão fosse tratada de forma correta e com qualidade.


*Este é um texto de opinião que reflete apenas o ponto de vista do autor.
Resenha por Evelyn Moraes (@evybooks) para o Cadê LGBT

Este é o segundo livro da Taylor Jenkins Reid que leio no período de um mês e ainda não sei como ela consegue fazer histórias tão envolventes e impactantes e, principalmente, que parecem tão reais, mesmo com enredos e personagens que vivem vidas tão irreais, como lendas do rock, no caso de "Daisy Jones & The Six", e agora estrelas de Hollywood com "Os sete maridos de Evelyn Hugo".


Ah, eu sei que o mundo prefere mulheres que não têm noção do próprio poder, mas estou de saco cheio disso."

Título: Os sete maridos de Evelyn Hugo
Autor: Taylor Jenkins Reid
Editora: Paralela
Número de páginas: 360
Gênero: Romance LGBT
ISBN: 978-85-843-9150-9
Aviso de gatilho: Violência doméstica, homofobia, suicídio abuso psicológico, aborto.
Onde encontrar: na Amazon
As pessoas não são muito solidárias e acolhedoras com uma mulher que põe a própria carreira em primeiro lugar."

SINOPSE: Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes – seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido... pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história – ou sua "verdadeira história" –, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e até então desconhecida, seja a entrevistadora.

Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso – e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.


A questão aqui é exatamente essa, não? É por isso que ela faz tanta questão de ser compreendida, de ser descrita nos termos exatos. Porque quer ser vista como é de verdade, com todas as nuances possíveis."  

Acabei esse livro com uma mistura de sentimentos, emoções e com lágrimas nos olhos. Uma história que vai muito além do que se espera, te faz sorrir, chorar, odiar algumas atitudes e personagens em questão, mas, principalmente, amar. A trajetória de Evelyn é cheia de surpresas que vão acontecendo do momento em que ela começa a narrá-la, até o final. Apesar de ser uma mulher forte, ela também passa por muitos altos e baixos, coisas boas e ruins, e toma muitas atitudes questionáveis, seja para conseguir o que quer, ou para proteger quem ama.


— Amar não é errado, querida. Não é” — respondi. — “As pessoas é que estão erradas.”

Assim como ficamos imersos na vida dessa atriz que foi (e ainda é) uma lenda de hollywood, podemos observar o que acontece na vida de Monique, já que o livro intercala entre o presente e passado, uma jornalista que está passando por um divórcio e tentando se encontrar e provar seu valor no âmbito profissional. Ela é a pessoa que, por algum motivo, Evelyn escolhe para ser aquela a dar voz a sua verdadeira história. Então essa curiosidade para saber qual a conexão que as duas tem e o porquê de Hugo a ter escolhido está presente durante toda a leitura.


Acho que ser quem a gente é — de verdade, e por inteiro — sempre vai exigir nadar contra a corrente.”   

Uma coisa notável nesses dois livros da autora é que ela mostra que não importa a fama e o dinheiro que essas estrelas possuem, elas continuam sendo humanas que também erram, acertam e se arrependem. O livro tem muita representatividade, aborda temáticas LGBT, o poder e papel da mulher na sociedade, machismo, questões raciais, em uma era em que as coisas eram ainda mais difíceis, mas que, infelizmente, em alguns aspectos não está muito diferente dos dias atuais.


Mas tive que lutar com unhas e dentes para conseguir. Se eu for capaz de deixar este mundo um pouco mais seguro e um pouco mais fácil para aqueles que vierem depois de mim… bom, então acho que tudo vai ter valido a pena.” 

*A leitura foi feita por e-book de cortesia da Editora.



O hábito de leitura deve começar cedo, melhor ainda se essa leitura for representativa. É por isso mesmo que hoje trazemos dicas de livros infantis que valorizam a diversidade.


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Meus dois pais (Walcyr Carrasco)

Naldo fica revoltado ao descobrir que o pai é gay. Mas, depois de uma reconciliação em família, o menino entende que as pessoas podem ser diferentes e que o mais importante é o amor. 


Onde encontrar: na Amazon 



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Olívia tem dois papais (Márcia Leite)

Olívia é uma menina esperta, que gosta de usar as palavras para conseguir o que quer. A família da garota é diferente e “encantadora” (uma das palavras que ela gosta de usar). 


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A princesa e a costureira (Janaína Leslão)

Uma princesa é presa na torre do castelo porque se apaixonou pela costureira. Agora, elas vão contar com a ajuda de pessoas especiais para serem felizes.


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Joana princesa (Janaína Leslão)

O rei e a rainha não sabem o que fazer, a criança que chamavam de João prefere ser chamada de Joana. Enquanto buscam uma solução, Joana vai em busca do arco-íris mágico que pode realizar seu sonho.

Onde encontrar: na Amazon


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O menino que brincava de ser (Georgina Martins)

Dudu adorava brincar de ser tudo o que a imaginação permitisse: fada, princesa e bruxa. E pelo faz de conta, acabava descobrindo quem era de verdade.

Onde encontrar: na Amazon


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O menino de vestido (Walliams David)

Dennis é um menino que gosta de jogar futebol e também gosta de vestidos bonitos. Uma amiga o convence a usar um vestido para se passar por uma aluna de intercâmbio na escola.

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Fausto. O Dragão que Queria Ser Dragão (André Romano)

No reino da perfeição, os dragões meninos nascem com a cor azul; meninas, com a cor rosa. Fausto é um dragão menino que nasceu com a cor rosa.

Onde encontrar: na Amazon


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Na minha escola todo mundo é igual (Priscila Sanson)

O livro aborda, por meio de ilustrações, algumas das diferenças que podem existir em uma sala de aula.

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Cachinhos de Urso (Stéphane Servant)

A família urso se prepara para uma festa à fantasia. O Pequeno Urso quer se fantasiar de Cachinhos de Ouro, com saia e tudo, mas o papai urso não concorda com essa história…

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